Revolução tecnológica no marketing – O impacto
A revolução tecnológica que estamos a viver já se manifestou em todos os setores de atividade e veio para mudar as nossas vida. As empresas querem estar na crista da onda, no entanto a onda é tão grande que muitas vezes correm o risco de verem a onda passar.
As grandes tecnológicas aceleraram o passo e o mercado deve preparar-se para a entrada de novas soluções inovadoras, possivelmente será necessário até mudar o mindset de consumidores e empresas para aceitar e abraçar esta nova realidade que se aproxima rapidamente.
Conceitos como assistente virtual, Metaverso, ChatGPT e outros já estão a mudar a forma de operar de vários negócios e temos casos de empresas que já substituíram trabalhadores por ferramentas de IA.
Existem várias maneiras de integrar a tecnologia mais recente nas operações das empresas e otimizar os seus resultados, o departamento de marketing não é exceção. Embora vozes alarmistas indiquem que a tecnologia vem acabar com o SEO, marketing de conteúdo, a concepção de Social e Media Ads, com o Designer (e com o Marketeer também), a verdade é: A tecnologia ajuda o Marketeer a atingir resultados que não conseguiria atingir de outra forma!
Que tecnologias integrar no marketing digital?
Metaverso – O que é e quais as vantagens para marketing?
O Metaverso, o novo “mundo de mundos” virtual (ou “Sims Online” como ouvi chamar) consiste na tecnologia que permite criar mundos virtuais que podem ser populados e utilizados pelo público.
Se ainda não se fez luz, explico… Hoje as pessoas quando exploram a internet limitam-se a olhar para um ecrã e fazer “scroll”, certo? Quando as pessoas forem ao Metaverso, vão poder navegar de forma 3D em espaços novos, interativos, apelativos e dinâmicos.
O Metaverso muda a maneira como o público interage com o mundo virtual. As pessoas vão viver experiências muito mais envolventes e imersivas, tal como as marcas vão aproveitar este novo canal de contacto com o público para interagir e proporcionar essas experiências.
Falo de todos os cenários envolvam espaços virtuais de 3 dimensões. Exemplos?
- Espaços que sirvam de ponto de contacto com o cliente e visitantes;
- espaços para albergar webinars, conferências, workshops e outros eventos virtuais (já se deram concertos no Metaverso!);
- Salas de formação de colaboradores;
- Museus, galerias e outros centros de conhecimento
- Lojas virtuais interativas com assistentes reais disponíveis (sob a forma de avatares)
- E mais… As possibilidades são tantas.
Metaverso – Plataformas e ferramentas
Embora o IKEA ainda não venda móveis pelo Metaverso, a Nike já vende vestuário para avatares (bonecos virtuais parecidos com SIMS que são a personificação do utilizador, não são as personagens do filme “Avatar”), logo o Metaverso já é um canal de marketing e de vendas a ser explorado.
Para começar a explorar o Metaverso aconselho a explorar a Spatial.io, plataforma que permite integrar espaços criados por outros utilizadores e também criar o próprio espaço. A Spatial permite agregar até 50 utilizadores no mesmo espaço em simultâneo no plano grátis, escolher alguns cenários pré-definidos e alguma personalização (ou decoração do espaço).
Para os mais técnicos e aventureiros, disponibiliza também um creator kit, que permite construir ativos (decorações, bonecos, objetos) tridimensionais que podem ser vendidos a outros utilizadores ou usados nos espaços criados.
Tal como disse, as possibilidades são imensas, portanto a criatividade é o limite.
Recentemente criei uma gabinete de atendimento ao público no metaverso para clientes e potenciais interessados para o serviço de contabilidade de uma empresa cliente. Será muito mais interativo, dinâmico e agradável que uma reunião em Zoom ou similares. Porque?
Vamos começar com toda a dinâmica de uma reunião online em que maior parte das pessoas não quer mostrar o seu rosto, o sítio onde se encontra e muitas nem querem falar. Temos que contar com todos os constrangimentos que isso acarreta.
A isso acrescenta-se que cada vez que se apresenta informação relevante (mostrar a tela ou outros) passa-se de diálogo fluido para uma “apresentação de PowerPoint” e pode sempre haver o problema de mostrar o ecrã vs mostrar a janela e os utilizadores menos habilidosos podem ter dificuldades.
Numa reunião no metaverso as personagens são avatares, logo a questão “vergonha” não se aplica, a reunião ocorre num cenário 3d onde pode haver conversação por texto e/ou voz e onde se pode assistir a vídeos e peças de informação (slides, etc) sem se quebrar o ritmo da reunião e conversar à medida que se apresenta a informação.
As possibilidades que isso acarreta? Maior imersão, maior interesse e maior oportunidade de concretizar o objetivo ao proporcionar uma experiência nova e mais agradável que uma simples reunião.
IAG, ou Inteligência artificial Generativa
As plataformas de inteligência artificial generativa, ou IAG, fazem buzz por todo o lado. Este avanço tecnológico permite criar conteúdo de qualidade sem a necessidade de contratar uma equipa para o fazer, e a IAG faz de forma (assustadoramente) rápida e (razoavelmente) eficaz.
Hoje a IAG pode criar todos os elementos de conteúdo multimédia (vídeo, imagem, áudio e texto) e permite uma personalização considerável, pelo que pode ser usada para qualquer finalidade desde anúncios a e-mail marketing e SEO. Embora esta tecnologia esteja numa fase inicial, os resultados obtidos já são bastante interessantes. Deixo abaixo alguns exemplos.
Inteligência Artificial Generativa – Ferramentas e plataformas
Chat GPT: Enquanto não sai o GPT-4 (a Microsoft anunciou que será em Março de 2023), o ChatGPT é a coqueluche da OpenAI, empresa que desenvolveu este modelo inteligente de conversação e geração de texto. O ChatGPT faz de tudo um pouco… Brainstorming, criação de conteúdo, otimização de conteúdo para SEO, analítica, tabelas, tradução conteúdo, benchmarking… O céu é o limite (e será 500 vezes mais poderoso brevemente).
Dall-e: Uma descrição boa para o GallerAI é “imagens on demand”. Esta ferramenta permite criar imagens originais a partir de descrições de texto e quanto mais detalhes forem indicados melhor é o resultado. Não é descabido escrever “cenário de paisagem com filtro de filmes mexicanos onde um cowboy que parece o Chuck Norris está vestido com camisa aos quadrados e a puxar uma colt para disparar contra um cacto perto do saloon da cidade num dia seco e quente de verão”. Já agora… Este foi o resultado!
Pictory: Faz o que o Dall-e faz, mas com vídeo. Preciso dizer mais? Mas digo… Com o pictory o trabalho de horas ou dias passa a minutos, esta ferramenta permite criar vídeos com a inteligência artificial desde que seja alimentado com conteúdo (script ou guião, links e outros canais). O Pictory analisa a informação e compõe o vídeo que pode ser personalizado e editado pelo utilizador e, por fim, exporta-o… Eu demorei 20 minutos a fazer um vídeo de 5:20 de duração de raíz!
Automação – Como eliminar tarefas repetitivas e não produtivas
A Automação de tarefas pode não eliminar todas as tarefas não produtivas, repetitivas, sem valor acrescentado e acima de tudo chatas… Mas elimina bastantes! Esta tecnologia já está presente há vários anos e existem vários exemplos de automação no marketing.
O intuito da automação é poupar tempo ao marketeer para que este se possa dedicar a outras tarefas mais produtivas. Confere tempo, clareza e disponibilidade ao profissional (e reduz a quantidade de copy/paste feitos num dia de forma brutal).
Automação – Exemplos e ferramentas
E-mail marketing: Envio automático de e-mail para clientes e/ou leads para manter o envolvimento, ou quando este tem determinado comportamento (não termina uma compra, visitou página X do site, descarregou um e-book ou outros). Ferramentas como Sendinblue, Mailchimp, E-Goi e Mail Poet já têm automação há vários anos.
Transferência de dados multiplataformas: Segunda-feira… Abres o gestor de anúncios da Meta, extrais o Excel de leads, fazes 6 ou 7 copy/paste para o CRM, gravas a lead, repetes o processo algumas vezes; copias os e-mails do CRM para a lista de e-mail marketing; atualizas a lista de público look-alike; etc etc… Nunca mais! A automação veio acabar com esse copy/paste ao fazer esse trabalho por ti. Para começar experimenta o Zapier que na sua versão grátis já permite que não te preocupes mais com vários assuntos!
Pesquisa de palavras-chave: Perder horas para identificar as palavras-chave relevantes para a estratégia de SEO? Claro! Mas já não é preciso perder tantas horas com a automação de pesquisa. Existem ferramentas que permitem recolher em segundos as palaras-chave relevantes (diretas, relacionadas, outras) para otimizar o trabalho a realizar.
Chatbots: Lembras-te do anúncio da OK Teleseguros? A aplicação de chatbots no marketing digital pode ser encarado como o remake desse anúncio mas com a seguinte fala “Ok Teleseguros, boa tarde fala a EVA 3.8.29003 Beta edition!”. Sim, Chatbots são robots de atendimento ao público que podem prestar informações ao público e apresentar produtos e serviços, embora uma possível integração do ChatGPT possa tornar qualquer chatbot num amigo virtual.
Machine Learning – A “maquina” finalmente aprende
Durante décadas a humanidade deu informação à máquina e esta, embora a armazenasse e a apresentasse, não tinha a capacidade de assimilar a informação e aprender com a mesma. No entanto com a revolução que vivemos também isso mudou.
Os modelos de Machine Learning existentes são bastante poderosos, conseguem tratar de doses massivas de informação, interpreta-la e dar respostas com base nela. Um pouco como se fossem um cérebro (que alguns de nós não gostam muito de usar) em esteróides.
Embora existam várias ferramentas como o TensorFlow que permitem integrar o machine learning em marketing digital, sem uma estratégia e preparação adequada elas não vão servir de muito.
Num caso como o uso de machine learning para segmentar o público-alvo a atingir para uma campanha de marketing devem ser dados os seguintes passos:
- Recolher dados: Devem ser recolhidos os dados relevantes sobre o público a atingir (dados demográficos, histórico de comportamentos e/ou compras, navegação, interação nas redes sociais, gostos, outros).
- Preparar dados: Neste passo os dados devem ser normalizados, tal como se devem identificar eventuais padrões e remover outliers.
- Treinar o modelo ML: Deve selecionar o aloritmo apropriado e definir os parâmetros e validação do modelo para treinar a máquina. O modelo pode ser treinado de forma supervisionada, não supervisionada e com reforço.
- Testar o modelo ML: Aplicar testes ao modelo com conjuntos de dados teste para avaliar a precisão e eficácia do algoritmo e parâmetros do passo 3. Podem usar-se técnicas de validação cruzada, análise de desempenho, testes de stresse e robustez ou validação cruzada.
- Implementação: O último passo… A implementação em ambiente de produção (ou real) e usa-lo. Eu sei, parece fácil.
Bónus: Marketing conversacional – Agora em esteróides
O conceito de marketing conversacional não é novo. Desde que falamos com assistentes virtuais nos sites das empresas ou chat do Facebook (chatbots) que se utiliza marketing conversacional, no entanto, com o surgimento de chatbots melhorados e com capacidades de inteligência artificial que este canal de marketing ganha toda uma nova dinâmica.
Se antes a sensação de uma conversa com um bot era algo arcaico, semelhante aos IVR das empresas que dita longos testamentos e depois pressionamos uma tecla, agora a fronteira entre um humano e a máquina vai esbater-se. Isso vai potenciar toda uma dinâmica mais agradável e imersiva ao público que pode agora abordar questões e assuntos que anteriormente não seria possível.
Os bots poderão eventualmente servir como assistentes capazes de analisar o conteúdo do site e gerar respostas a várias perguntas ou aconselhar o consumidor no processo de compra, pelo que pode sempre sugerir o contacto com um humano caso não consiga ajudar em alguma situação.